quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A sina do artista

A sina do artista
        Marcelo Daltro

O leigo admira,
o especialista critica,
e o artista em seu ego:
sobe e desce,
desce e sobe.

Cortando-lhe o peito ou alegrando-se,
ganhando rios de dinheiro ou passando fome.
O artista segue seu fardo,
lançando sua arte como garrafas ao mar.
Na busca incessante que sua mensagem seja lida.

E assim, o artista deixa sua  marca
nesta frágil existência.
Tentando vencer o esquecimento
e alcançar a imortalidade.

A arte de fracassar

Texto que iria publicar em fevereiro de 2015

Eu nunca tive um diário, mas acho que de vez em quando é necessário escrever, porque nem sempre temos ou queremos falar de nossos problemas. Se você é assim saiba que não está sozinho. Não sei porque insisto em desenhar. Me falam faça isso e vou lá e faço, e nada. Faça aquilo vou lá e faço e nada. Das duas uma ou sou muito azarado ou muito medíocre. Será que estou relegado a ter subempregos para sempre, ater sempre pouco ou nenhum dinheiro, a morar de favor na casa dos outros. Ontem meu filho falou que queria morar na casa do vizinho, que tem tudo o que ele queria: tem videogame, gato, cachorro, e um quarto só para ele. E a gente morando de favor na casa da minha sogra. Amanhã começo em mais um subemprego que vai dar um salário para sobreviver, mas que não resolve a nossa situação. E o concurso público tão almejado, fica cada vez mais longe. E o engraçado é que várias pessoas que conheço passam em concursos excelentes e estão com a vida ganha. Mas fazer o quê? Desistir? Não, sou burro e teimoso demais para isso.


Update: Estou no mesmo emprego até hoje, não considero mais um subemprego, aprendi muito com ele e com as pessoas com quem trabalho! Algumas considero amigos. Ainda moro na casa da minha sogra, mas hoje tenho perspectivas de morar de novo na minha casa. E ainda não passei de novo em um concurso público. E acho que me cobro demais conheço poucas pessoas que passaram em três concursos públicos e em dois vestibulares públicos! :D

Responsabilidade

O essencial é invisível aos olhos, disse um certo príncipe. E que você é eternamente responsável por que aquele que cativa. Acho que deveria ter dito também que o indivíduo não é uma ilha. Falo isso porque às vezes esquecemos que fazemos parte de uma sociedade, e que somos responsáveis em parte ou no todo, por tudo que acontece nela. Legitimamos leis, alimentamos os mercados, reafirmamos a cultura em que nós vivemos. E criticamos o que nós mesmos ajudamos a criar. Somos agentes ativos da História e mesmo que nosso papel seja invisível aos olhos, nós somos eternamente responsáveis por aquilo que criamos.