quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Palavrão

Foda-se. Vai tomar no cú. Vai para puta que pariu. Seu filh@ da puta. Vai para casa do caralho. Viado. Puta. Piranha. Vagabund@. Preguiços@. Isto te ofende? Isto te choca? Então tome mais cuidado ao escrever, porque às vezes, mesmo com palavras diferentes é esta a mensagem que você passa. Muitas vezes ofendemos e magoamos as pessoas, explicitamente ou não. Um pouco de empatia não faz mal à ninguém.

domingo, 8 de maio de 2016

Culpado ou não culpado eis a questão.

Ninguém deveria ser culpado pela infelicidade do outro, é um peso muito grande para se carregar. A vida é feita de escolhas e qualquer idiota sabe disso. Às vezes as escolhas são bem sucedidas, às vezes resultam em fracasso retumbante. Tem horas que escolhemos entre o bom e o mau, o melhor e o pior. E, tem horas que escolhemos entre o ruim e o pior ainda. Não jogo a culpa de meus fracassos em ninguém, e não é fácil, porque é bem menos traumático, quando culpamos o outro. Não há necessidade de autorreflexão. 
Às vezes fazemos acordos com os nosso parceiros, mas nem sempre conseguimos cumprir. Por que? Somos humanos, falíveis, e sempre que fazemos uma escolha, procuramos fazer a melhor opção. Entretanto, nem sempre a resposta é positiva. Mesmo quando fazemos tudo para chegar a um determinado resultado, nem sempre é possível. Só existem três medalhas no pódio e milhares de competidores. 
E mesmo aqueles que acreditam no divino, no destino, na sorte, nem sempre ele é infalível. Lembro de que próximo a minha residência tinha uma festa de um determinado político, com distribuição de brindes em homenagem ao dia das crianças. O nosso computador tinha queimado e iriam sortear computadores. Eu nem quis pegar o bilhete para competir. Mas uma senhora passou e entregou na minha mão. Aqueles que acreditam no destino, devem estar pensando, é um sinal. Eu também pensei. Fiquei até o final da festa com meu filho pequeno e esposa. E foram sorteados quase trinta computadores e umas trinta bicicletas. Nem preciso dizer que não ganhei. Saiu o número antes do meu e o depois! E nada, voltei para casa com meu filho cansado e decepcionado chorando. É, a vida não é um conto de fadas.
Minha mãe doente internada no UPA precisando de transfusão de sangue, lutamos durante dois dias para transferência, eu e meus irmãos, fui até a Defensoria Pública e consegui um mandato e nada. Por volta da meia noite de sábado, conseguimos a transferência. A doutora nos chama para conversar: ela não poderia resistir a viagem. Perguntou quem iria, meus irmãos não tinham condições psicológicas para ir. Eu falei que iria, e fomos rezando para ela conseguir chegar ao hospital, para ter uma chance. Ela conseguiu chegar e receberia a bolsa de sangue no dia seguinte. Passei a madrugada fora do hospital, congelado porque fazia frio, mas feliz com a esperança de que ela sobreviveria. Três dias depois ela morreu, eu fui o último a falar com ela ainda acordada,  ela me pedia para levá-la para casa, e fui o último a vê-la inconsciente. No fundo, eu sabia que seria a última vez que a veria. De madrugada ligaram para gente e pediram para ir ao hospital. Fui, de novo sozinho, para o hospital temendo o pior, que seria receber a notícia de sua morte. Quando cheguei no hospital e vi sua cama recolhida, já sabia, o médico só confirmou. Reconheci o corpo e fiquei à frente do enterro. Não chorei em nenhum momento, tinha me prometido na ambulância no caminho para o hospital que só choraria quando tudo acabasse. E depois do enterro, consegui chorar um pouco. E sabe porque não consigo chorar de verdade. Porque me sinto culpado, mesmo que racionalmente saiba que não tenha culpa nenhuma. Culpado por não ter feito mais.
Então se a minha vida está ruim, se eu tenho um péssimo emprego ou estou desempregado, se minha esposa está doente e não pode se tratar normalmente, se meu filho não tem o mínimo para ter uma vida decente, se eu não consigo passar em um concurso público, se eu não faço a licenciatura e posso finalmente dar aula, se vamos ser despejados de novo da casa onde moramos, se minha esposa está infeliz. Eu sei que a culpa é minha! Minha culpa, máxima culpa. Carrego tantas culpas, que se fossem representar minhas pegadas na areia, minha pegada seria funda até o joelho.
Contudo se você que ler isso, achar que vou me matar, pode ficar tranquilo. A minha morte não resolve nenhum problema, ela só aumentaria os problemas dos outros. E sou tantas coisas, mas nunca fui covarde.
Sim sou culpado, e não coloco esta culpa em ninguém, mesmo sendo um fardo muito pesado para carregar.